domingo, 28 de outubro de 2012

Aprender a rezar na era na técnica

Acabei de ler este livro do Gonçalo M. Tavares e ainda não sei se gostei. Estanho, não? Pelo menos encontro nele essa virtude de me intrigar e na verdade, é um livro, ou melhor, uma escrita muito própria à qual não ficamos indiferentes.
Entusiasmei-me nas primeiras frases, onde adivinhei uma escrita algo filosófica, indiretamente reflexiva, um tanto irónica.
Rapidamente fui transportada para o interior de uma personagem complexa, um homem controverso. É criado um monstro aos olhos do leitor. As descrições dos seus atos, dos seus pensamentos e vontades suscitram-me aversão face a este homem de hábitos estranhos e obsessões loucas.
Gostei da franqueza da escrita, sem subterfúgios. A personagem revela-se cruamente e o narrador não procura sequer dourar a pílula, também não me parece que exagere na descrição, seria inútil perante tal mediocridade social deste homem engenhoso, inteligente, genial, mas intragável nas suas diversas facetas de marido, irmão, médico, político, doente.
Nem sempre foi fácil concentrar-me na leitura. Apesar das frases curtas deparei-me por vezes com densidade de conteúdo.
Este é livro para refletir sobre egoismos, prepotências, desigualdades, abuso de poderes. Por detrás dum estilo aparentemente despojado, que só o é na escrita física, esconde-se uma análise profunda da sociedade, dos valores, ou não-valores (!).
Este livro dava uma tese, eu é que não tenho tempo, e nem paciência, já agora.
Não me vou ficar por aqui. Vou ler mais...

Como é possível?

O quê? Eu já não escrevo aqui há quanto tempo?