quinta-feira, 28 de agosto de 2008

vá lá!!!!!

A quem é que eu tenho que pedir?
A quem de direito, solicitam-se mais uns diazitos de férias, que os meus estão a acabar. Gastei-os, suguei-os até ao tutano e agora não chegam!
Vá lá! Vá lá!!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Monte

À saída do Jardim Tropical uma banca fritava malassadas (filhós/fartura) que quisemos provar. Também havia pão com chouriço assado? Cozido? Quisemos descobrir!
A massa de pão é enrolada com rodelas de chouriço no seu interior, até aqui nada de novo! Mas depois os pãezinhos são cozinhados numa chapa escaldante, ali à nossa frente! Vira, volta a virar para não queimar e está pronto a comer. Uma especialidade! Delicioso!
Mesmo ao lado, a Igreja do Monte, onde em breve se celebrariam as Festas do Monte. Festejo muito concorrido no Funchal, aonde rumam milhares de pessoas seja para adorar a Senhora do Monte, seja para saborear a espetada que atinge o seu melhor paladar nos arraiais.


quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Pico do Areeiro

Um passeio interessante como atestam as fotografias. Subimos mais de 1800 metros até ao Pico do Areeiro, em estrada própria para rally: curva, contracurva, curvas e mais curvas, em estrada estreita… enfim para uma senhora sensível como eu… resultado: Enjoei!!!! E de que maneira, mas mesmo assim, ainda deu tempo para dizer: “Quando puderes pára!” Sempre deu para desanuviar a cabeça e recuperar o equlíbrio para terminar a descida.
Que agonia aquele Pico! É linda a paisagem, sim senhor, mas não me levem para lá outra vez, ? Foi um dia inteiro de enjoo, pior do que a ida às Berlengas (para quem se lembra, caros colegas!)


segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Monte Palace (Fundação Berardo)

A visita ao Jardim Tropical Monte Palace é um banho de emoções proporcionado pela interminável variedade apresentada aos visitantes: o jardim repleto de árvores e flores de inúmeras origens, museu de arte africana, colecção de minerais e gemas, história de Portugal, lago e quedas de água, pontes orientais, os peixes Koi, património artístico, tranquilidade e frescura e uma vista privilegiada sobre a baía do Funchal.

O MUSEU
No rés-do-chão somos surpreendidos por uma colecção imensa de pedras semi-preciosas de encher o olho. Com uma disposição original e muito interessante, os minerais ostentam o seu brilho nos vértices dos seus recortes pontiagudos. Quartz, ametistas, cristais coloridos e reluzentes criam perplexidade pela dimensão e pelo número.
Um comentário ainda para os troncos de madeira petrificada: impressionante. Sim, são troncos reais, feitos pedra!

Nos andares de cima encontramos uma colecção de escultura contemporânea do Zimbabué. As peças retratam cabeças de figuras humanas, de alguns animais.
Despertam-me especial curiosidade as estatuetas de pedra representativas de seres místicos tão bem conhecidos da cultura africana. Gostava de conhecer os seus nomes, características e poderes, imaginar histórias, inventar relações amorosas, entrar no mundo misterioso dos seres que curam e cicatrizam feridas do corpo e da alma e alimentam as mentes ocupadas de quem não tem a civilização a desviar a razão. (Lembro-me das histórias espantosas de Mia Couto…)
O acervo desta colecção provém da comunidade artística Tengenenge e está patente de uma forma que me agradou muito. A decoração do espaço facilita a penetração no ambiente, usaram-se cores fortes e dispuseram-se as esculturas sobre paus verticais, de tonalidades quentes, atingindo alturas facilitadoras da observação e avaliação do visitante. Numa relação simbiótica, simularam-se paisagens naturais de vegetação condizente: oferece-se um lar aos seres estáticos plenos de existência e povoam-se as áreas desertas repletas de vida.



O JARDIM
É todo um espaço cheio de verde que nos guia neste passeio. O verde rasteiro das folhas das azáleas, do buxo é sobreposto pelo verde das cicas, de mais e mais cicas em abertura franca, na sombra de fetos arbóreos vindos do Japão, com as suas hastes em forma de espanador que sussurram na brisa tranquila. Barrando o céu cheio de azul, o verde mais altivo dos ciprestes e das araucárias de origem australiana, convive com o dos loureiros, das acácias, das faias, exemplares da floresta Laurissilva (da Madeira).
Os movimentos da água ecoam suavemente e conduzem-nos aos lagos onde encontramos os peixes Koi. Atropelam-se exemplares rosa, laranja, vermelho, despigmentados, apenas fazendo sugerir a cor numa base clara, branca de pontos escuros.
No Jardim Oriental, as pontes e passagens reportam-nos aos famosos jardins japoneses. É através das suas cores e padrões, dos budas em dispersa arrumação, das estátuas de dragões em pedra anunciando a passagem por portais com telhados tipicamente orientais, de vértices arrebitados, que nos esquecemos do espaço e nos perdemos nos recônditos lugares, por detrás das esconsas quedas de água.
Ainda na área dedicada ao Oriente se descobre um painel com “placas de cerâmica refractária, pintadas com tinta cerâmica de alto fogo com banho de vidro transparente”, sob o título “A aventura dos Portugueses no Japão”. São cenas desde o séc. XV até ao séc. XX, com a queda da bomba atómica na 2ª Guerra Mundial. Uma lição de história de muito bom gosto.







HISTÓRIA DE PORTUGAL
Num total de 40 painéis, perfazendo mais de quatro mil azulejos de 20x20cm, em terracota, Alberto Cedrón (artista argentino) resume os momentos mais significativos dos principais momentos da nossa história. Ao longo de dois corredores podemos refrescar a memória e passar pelo reinado de D. Afonso Henriques até ao fim da Monarquia, prosseguindo pela primeira república, Estado Novo, Revolução dos Cravos e terminando na actualidade. Uma excelente aula de História, colorida e arejada, adequada ao ritmo dos alunos.



A viagem de teleférico pode assustar os menos audazes mas vale a pena subir ao Monte e beneficiar do que a Fundação Berardo reserva aos visitantes.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Museu de Arte Contemporânea (Funchal)

Levar os miúdos ao museu em dia quente de verão é uma tarefa que envolve alguma habilidade persuasiva. Argumentos do tipo depois-comes-um-gelado ou amanhã-vamos-ao-cinema costumam ser suficientes. Desta vez bastou o já conhecido, mas nem sempre convincente: é-óptimo-conhecer-os-museus-das cidades-que-se-visitam. (Eles crescem...)
Gostei especialmente da zona velha do Funchal: ruas estreitas de calçada madeirense, ou seja, pedras roladas colocadas, com mestria, umas ao lado das outras; pequenos edifícios de um ou dois andares com altas janelas encastradas nas tradicionais robustas cantarias cinzentas e portadas verdes. A cada duas portas um restaurante convidativo publicita o melhor da cozinha regional: bife de atum, filete de espada, lapas…
O museu situa-se no Forte de São Tiago, ali mesmo encostado ao mar, em acentuado contraste, caiado de amarelo. O monumento esconde frescos corredores de paredes grossas de pedra a descoberto, onde passeámos e nos divertimos a tirar fotografias. Subimos e descemos escadas, que nos conduziram a pequenas salas de paredes brancas com alguns quadros pendurados.
No topo uma vista magnífica sobre o mar e a encosta acima do Funchal.
É só isto? Perguntam os miúdos desiludidos. Pois parece que sim, este museu é assim, pequenino. (Eles crescem e ficam mais exigentes. Boa!)
O espaço que o acolhe é efectivamente incrível e não dei o tempo por perdido. O espólio cresce com o tempo… Ficamos à espera… voltamos mais tarde, daqui a uns anos…



terça-feira, 12 de agosto de 2008

Fomos de Nau

A Nau Santa Maria de Colombo, atracada no cais com ar imponente, era a anfitriã de quem tinha optado por uma manhã diferente. A fazer lembrar as embarcações do tempo dos descobrimentos, com tripulação a condizer que dava as boas-vindas, Santa Maria soltou as amarras e fez-se ao oceano. Para trás deixou terra, um anfiteatro de casas brancas cobertas de telhas vermelhas, com cantarias em basalto e portadas em verde-escuro; muitas árvores espalhadas entre as casas e um aglomerado de arvoredo nas bancadas de topo, penduradas nas brandas e ligeiras nuvens opacas.
O sereno mar, azul-escuro como nunca vira, facilitava o deslize pela sua acalmia, sem boicotar a boa-disposição dos turistas.
Uns espanhóis, de voz afinada e mãos em batida compassada, animavam os viajantes com os seus cantares tradicionais.
De repente, todos pararam e dirigiram o olhar para estibordo. Eu não via nada de extraordinário, até que um ténue repuxo saído das águas me alerta para a presença de uma baleia. Ainda vislumbrei a cauda ao enfiar-se no oceano. Velozmente nos deixou e retomou os seus afazeres quotidianos.
De olhos postos no mar, contemplando a sua infinitude, dou conta do rasgo no horizonte feito pelas Desertas e pelas Selvagens, ali entre céu e mar a confundirem-se com as nuvens esfarrapadas. É nesse instante que mal posso acreditar no que os meus olhos me asseguram: golfinhos, golfinhos… olha dois ali, olha mais um… ali ao fundo… olha na direcção da minha mão… lindos! A emoção alvoraçou-me de tal forma que o Francisco comentou: “Estás histérica, mamã! Vais pôr isto no blog, não vais?” A verdade é que o sentimento era geral. Enormes sorrisos de contentamento enfeitavam as faces de todos os que eu via de soslaio e a excitação de poder registar os mergulhos nas máquinas fotográficas denunciavam a efervescência do estado de espírito. Eram imensos golfinhos ruazes, que se deslocavam ao largo da Madeira. Não são residentes, mas nem isso os inibiu de se mostrarem a curiosos humanos que vibraram com a sua aparição.
A jornada continuou.
Visitámos a embarcação: um quarto, uma capela, um bar. Um pequeno cão-marinheiro, um papagaio e uma arara fizeram as delícias dos mais novos.
Chegados ao Cabo-girão houve permissão para banhos. Os mais afoitos atiravam-se da proa, ou da ré, os mais cautelosos preferiram descer por uma escada. Todos nadaram em águas límpidas e mornas que, vistas de cima, se exibiam em tons de azul-turquesa.
A costa escarpada e praticamente deserta deu-nos uma ideia de como a ilha era quando foi descoberta: uma enorme rocha emergida do oceano.
De regresso, provámos vinho da Madeira e bolo de mel embalados pelo movimento da deslocação. Mais palmas e cantares espanhóis. Mais mar azul-escuro. Mais infinito. Mais encanto. Os golfinhos não voltaram. O aprazimento interior também não o exigia.
Mais uma boa recordação.





domingo, 10 de agosto de 2008

Uma manhã (em madeirense)

O céu forrado e o mar mexido dão-me maior capacidade de observação e de escuta. Ao meu lado, uma mãe dá bronzeador no filho ainda babé. As avós bilhardam e outra mãe dá uma resonda na filha mais velha.
Os turistas vão de nau.
No bar, com o tempo quente, não apetece uma chinesa, a Filhipa prefere uma brisa-maracujá.
Se isto pega de moda, ao jantar, espera-me bizalhinho com semilhas e vaginhas. Com o café posso comer uma malassada.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Museu de Arte Sacra

O acervo do Museu de Arte Sacra do Funchal é bastante rico, reflectindo também a abundância da aristocracia comerciante do séc. XV, caracterizada pelo luxo, que nasce e cresce no seio dos produtores e exportadores de açúcar. Estas famílias contribuíram para a acumulação de obras de alto valor material e artístico nas igrejas da Madeira, ao doarem ao santo que veneravam quadros, cálices, crucifixos, etc.
São imensas as peças de ouro e prata muito trabalhadas, com aplicações de esmaltes e pedras semi-preciosas: bandejas, castiçais, turíbulos, ânforas, campaínhas, estantes, cálices e claro custódias majestosas. Também se podem admirar peças de paramentaria: casúlas, estolas e mitra bordadas a ouro.
Neste museu destacam-se os painéis de arte flamenga. São enormes pinturas a óleo sobre madeira, alguns trípticos, muitíssimo bem conservados, mantendo as suas cores tão características. Predominam os brancos e azuis-claros muito brilhantes, na parte superior dos quadros, retratando cenas celestes. Contrastando com o divino reluzente, em toda a parte central e inferior sobressaem os azuis fortes, cor de tijolo e vermelho-sangue nas vestimentas das personagens representadas.
O que mais me impressionou foi uma Última Ceia, pela sua originalidade. Cada um dos participantes desta cena bíblica – Jesus e os doze apóstolos – são peças individuais, esculturas de baixo-relevo, dispostos de acordo com as relações estabelecidas entre cada um e entre todos. Para concorrer para o efeito de uma refeição em volta de uma mesa, foi criado uma espécie de balcão encostado à parede (opção do museu). Muito bonito!

Lá dentro não são permitidas fotografias, mas carimbei a minha visita com fotos da entrada. Vale a pena reparar no chão de calçada.


quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Flores: um Tapete

Flores: Um Tapete para o Senhor (Santana)
Camisa em desalinho e calças sujas eram a roupa de trabalho de um homem, munido de tesoura e baldes que cortava todas, todas! as dálias daquele canteiro. Não eram bem todas, só as que, desinibidas, mostravam as suas pétalas coloridas. O sortido de flores, dentro da mesma espécie, era enorme: as bordeaux, de pétalas enroladindas, a caber na mão em concha, as brancas ou amarelas com pétalas elípticas, compridas e achatadas, e outras cor de sol de aspecto arrepiado sobravam na palma da mão. Todas elas foram separadas de acordo com a cor e forma: três baldes cheios de dálias em flor; um canteiro mais triste.
É por uma boa causa, justificou o jardineiro como resposta ao meu reparo de desagrado.
No dia seguinte quis testemunhar essa causa e o que encontrei foi um deslumbre. Eu, que ando a descobrir um especial interesse por flores fiquei fascinada com o tapete para o Senhor de Santana que muita gente tecia ao longo da estrada onde passaria a procissão.
Quando o jardineiro me informou da festa do Senhor, que teria lugar no dia seguinte, mal podia supor a grandiosidade.
Chegados ao local, encontrámos um estreito caminho de alcatrão preto com uma exuberante passadeira ainda em acabamentos. As cores eram as da natureza, as que as flores quiseram trazer. Os padrões resultavam de combinações infinitas de verdura, ramos, pétalas, pequenas pinhas, folhas, flores, frutos, de acordo com a imaginação e sentido estético de cada um dos decoradores. A diversidade das flores testou o meu conhecimento e pude ir enunciando à medida que passava, durante mais de mil metros: hortênsias, espadinhas, girassóis, dálias, agapantos, gerbéras, buganvílias, coroas imperiais, hibiscos, begónias, malmequeres, brincos de princesa, frésias… Muitas delas improváveis na cor: vi dálias lilases, brincos de princesa matizados de roxo e rosa… A textura verde que servia de base era de pinheiro, alecrim, cameleira, nespereira, feto, buxo e graminha.
Além de todas estas, ainda havia ensiãos,pingos de amor, novelos, não-me-deixes e cevadilhas, que para as enumerar, foi preciso perguntar o seu nome.
Um verdadeiro festival de cor (e de cheiros, segundo me afiançaram o Paulo, a Inês e Francisco).



terça-feira, 5 de agosto de 2008

Curiosidades da Madeira

Carnes Verdes




Estranhas as fotos, não?
Pedaços de carne de vaca pendurados assim, sem qualquer protecção, à mercê do ar, dos mosquitos, se aparecerem… Estão para venda ao peso. Corta-se um naco, pesa-se numa balança antiga com dois pratos. Além dos tradicionais pesos de ferro, também há uma embalagem de sal, mais um kg, portanto.
Depois de pesada, divide-se a peça em pedaços generosos, que se esfregam num tabuleiro de sal, alho e ervas aromáticas. Espetam-se os bocados em longos paus de loureiro e leva-se ao lume que estala logo ali ao lado. Em poucos minutos, uma suculenta espetada fica pronta a ser saboreada. Prende-se o pau, no chão, na carroçaria da camioneta dos comerciantes ou onde der jeito… Com as mãos puxa-se a carne e leva-se à boca. Dizem que é bom!

Abelhinhas
Os táxis da Madeira são amarelos com duas riscas azuis de lado. Antigamente, no campo, chamavam-lhes abelhinhas, porque andavam depressa e tinham um A (de aluguer) inscrito.

Horários do Funchal
Não vou tecer opiniões sobre o carácter pontual ou não dos funchalenses. É sim porque achei estranho este título numa porta, anunciando efectivamente horários, depois vi em cima de um edifico, tipo nome de empresa. Horários? De quê?
Descobri: é uma empresa de transporte de passageiros. Os autocarros que fazem as carreiras do Funchal têm este nome. Há muito tempo atrás, as camionetas da carreira eram tão pontuais, que se acertavam os relógios pela hora a que passavam. Esta é a explicação.

Cristo-Rei
Pois é verdade, a Madeira também tem um!

Mercado dos Lavradores

O clima temperado da Madeira possibilita a cultura de plantas muito diferentes das que estou habituada a ver. As flores e os frutos tropicais fazem parte da vida da ilha e estão à venda no Mercado dos Lavradores, no centro do Funchal, pelas mãos de vendedeiras trajadas a rigor, com as vestimentas tradicionais.
Um festival de cores e formas é o que resulta daquelas bancadas que expõem os produtos que a terra dá. Além dos sobejamente conhecidos antúrios, estrelícias e hibiscos (ou cardiais, como se chama aqui) encontrei também licóneas (pendentes e direitas) e proteias. Um encanto para os olhos.
Noutra banca, além das corriqueiras maçãs, peras, laranjas e dos mais tropicais abacates, anonas, mangas, mamão, ananás deparei-me com diversas espécies de maracujás: maracujá-banana; maracujá-tomate; maracujá-ananás e o vulgar maracujá roxo. Também havia banana-ananás: feitio de banana com escamas de ananás.
Nos legumes destacam-se as semelhas (como se chamam às batatas, por estas paragens). Ainda não consegui confirmar a sua ortografia, devido às diversas formas como já vi escrito. No mercado um letreiro em cartão rasgado anunciava smilhas. É assim que gosto, pelo menos ajudam à pronúncia correcta!



segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Ribeiro Frio

Deixámos a cidade do Funchal a uma temperatura de verão e subimos a ilha sentindo o ar arrefecer e o céu cada vez mais nublado. Nas estradas estreitas serpenteando encosta acima, desfilavam diante de nós inúmeras espécies da flora da ilha. Pinheiros altivos, cedros bem contornados, enormes carvalhos, loureiros vivem lado a lado com inúmeras flores que emprestam as suas cores neste desfile.
Assistimos à competição entre agapantos brancos e lilases, esguios no caule, geométricos no conjunto de pequenas flores que compõem a sua esfera florida. Margacinhas (minúsculos malmequeres) ajudam a rematar a área florestal, e as espadinhas (tipo gladíolos, muito mais pequenos que nascem espontaneamente) imprimem o apontamento mais garrido, com as suas cores de fogo. Pudemos adivinhar a beleza dos massarocos, já secos por esta altura, mas ainda firmes na sua forma exuberante.
Chegámos ao Ribeiro Frio.
Visitámos os surpreendentes viveiros de trutas. Estes peixes, divididos por tamanhos, nadam em enormes e espaçosos tanques. Toda a zona está bastante cuidada, com espaços de repouso/refeição, decorados com o que chamei de mobiliário gaudiano: bancos e cadeiras e os corrimões das escadas. Amorosos! (Vejam lá as fotos. Não tenho razão?)
Uma seta indicava Levada Velha, 1,5KM. Os miúdos, motivados pelo quadro natural pintado de verde e o som da água a correr, entusiasmaram-se e, cheios de coragem, aceitaram o convite que a placa explicitava.
(Uma levada é o caminho construído para transportar água que servia às culturas e ao uso doméstico.)
Deixámo-nos seguir pela vereda, acompanhados pelo andamento da água transparente e fresca. A toda a volta, ramos cobertos de folhas largas, estreitas e compridas, recortadas, arredondadas, formam um tecto espesso e conferem ao espaço uma média luz agradável ao passeio. Uma folha seca caiu à minha frente, roçando-me o nariz, uma borboleta esvoaçou apressada, procurando o sol. Ao longe galinhas cacarejaram, a seguir uma ovelha tosquiada baliu. Juntos cantámos, corremos, saltámos, espreitámos o que cada um descobriu e ouvimos o que cada um sabe de botânica, das aulas de ciências e da vida. Colhemos e provámos morangos silvestres. Desfrutámos do momento.
O que nos trouxe de volta foi o mesmo caminho de terra húmida, onde raízes teimam furar e acidentar o piso e desmesuradas rochas que rolaram do alto se atravessam na passagem.




Parque Temático da Madeira

Em Santana, zona nordeste da ilha da Madeira há um parque temático sobre a região. Aqui, informam-se os visitantes da história da ilha, das actividades económicas, dos costumes, dos símbolos, da cultura em geral.
Num ambiente descontraído e divertido, através de projecções multimédia, fomos conhecendo pormenores da vasta e rica biografia madeirense.
O espaço é essencialmente de lazer: oferece um labirinto de cedros, passeios de barco a remos num lago, parque infantil, zona radical (trampolim com elásticos, escalada e slide), volta de comboio e muitas reproduções gigantescas dos símbolos da Madeira (a garrafa de vinho, um cadeirão de vime, uma bota tradicional, um chapéu de palha, um gorro de lã, uma banana, entre muitos outros.)
As casinhas emblemáticas da ilha não podiam faltar. São simpáticos edifícios em forma triangular, cobertos de colmo que servem de protecção das intempéries. As suas janelas laterais são normalmente verde-escuras e contrastam com o encarnado da porta e com os contornos em azul-céu. Fazem as delícias de qualquer um, pena é, que se encontrem em extinção!
Este tipo de habitação era usada essencialmente para dormir e estar. As actividades da cozinha realizavam-se num pequeno edifício logo ao lado.
O parque ainda mostra, ao vivo, o artesanato tão característico da região. Tivemos oportunidade de ver como se bordam os delicados panos de linho, como se moldam os vimes em feitio de cestos, garrafas, garrafões, como se carda e fia a lã, se tecem mantas e trabalham as camisas de milho formando bonecas.
Todo o parque está envolvido por uma paisagem campestre enriquecida pelas flores que alegram visualmente o espaço.
Passem por lá!


sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Rali do Vinho da Madeira

O Rally Vinho da Madeira é o acontecimento anual desta ilha. Os madeirenses vivem-no como nenhum outro evento, chegando a programar a sua vida, principalmente as férias para antes ou depois do Rally. A romagem ao Porto Santo só se faz após este momento áureo.
Uma vez na ilha, não quis perder a oportunidade e, com bilhetes para o palanque da Avenida do Mar não hesitámos em participar no ponto alto da vida da ilha. Tratava-se da primeira classificativa, onde desfilariam, à nossa frente 56 viaturas a alta velocidade tentando contornar obstáculos no menor tempo possível.
Soaram os primeiros motores, a expectativa era grande. Brum, Brum passa um e outro, pudemos controlar os tempos num marcador mesmo à nossa frente, uau, este fica em primeiro, este deve ser terceiro… e a emoção ia aumentando. Não a minha, claro… a dos madeirenses que viviam cada instante com grande entusiasmo.
Ao meu lado uma senhora de meia-idade registava com afinco, não sei bem o quê, numa revista aberta numa página com a lista dos inscritos. Mais ao lado, uma adolescente de caneta e revista em punho anotava igualmente. O quê? Não faço ideia. Atrás de nós crianças completamente eufóricas iam nomeando os inscritos e vibravam com as classificações anunciadas no painel. A senhora de meia-idade também parecia conhecer alguns dos pilotos e co-pilotos e ia apresentando um a um quem se seguia na linha de partida.
Uma experiência interessante, esta de tomar parte da vida madeirense. Mas vou ter que repetir (presumo que várias vezes) para partilhar da atmosfera. Estive ali como uma outsider. Assisti.

No Aeroporto de Lisboa

Cheguei ao aeroporto de Lisboa à hora marcada, a viagem tinha corrido muito bem. Eu, perdida de sono, dormi todo o voo, sem quase ter sentido a descolagem, o que afastou por completo aquelas ideias indesejáveis que nos vêm à cabeça dentro dos aviões…
Lá fora, a Inês, o Francisco e a Moi esperavam-me, preparando-me uma surpresa. Tudo se encaminhava para uma chegada perfeita.
A minha demora foi tanta que desesperou quem me esperava. Telefonemas, sms, denunciaram a impaciência imprópria de quem supostamente estaria em casa… eu adivinhava a surpresa… o que eu não previa era, de repente, ter ficado sem bagagem!
A minha mala ficou em Amesterdão. Ora, para quem, no dia seguinte, volta a viajar não era de todo a boa notícia do dia, mesmo que me garantissem que ma entregariam dentro de 24 horas.
No outro dia, tinha a minha bagagem de volta: claro que a mala trazia um fecho estragado e vinha muito suja! Pelo menos chegou a tempo de ir para a Madeira.

Outro susto!
Dia 28 de Julho, 18h, Aeroporto de Lisboa, Terminal 2.
Os miúdos estavam muito entusiasmados. Eu ainda tinha vestígios de aterragem do dia anterior: um zumbido nos ouvidos e a sensação de ter um capacete na cabeça. Alegremente dirigimos-nos ao balcão certo. Entreguei o código de reserva e os BIs. Sou calmamente informada, por um sorriso simpático, de que o BI do Francisco estava caducado. Validade: 06-06-2008.
Devo ter ficado de todas as cores, sem que tenha ficado nervosa. A situação resolveu-se ao fim de uma chamada telefónica, que trazia o recado: Se fosse para fora do país, teria que ficar!