segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Monte Palace (Fundação Berardo)

A visita ao Jardim Tropical Monte Palace é um banho de emoções proporcionado pela interminável variedade apresentada aos visitantes: o jardim repleto de árvores e flores de inúmeras origens, museu de arte africana, colecção de minerais e gemas, história de Portugal, lago e quedas de água, pontes orientais, os peixes Koi, património artístico, tranquilidade e frescura e uma vista privilegiada sobre a baía do Funchal.

O MUSEU
No rés-do-chão somos surpreendidos por uma colecção imensa de pedras semi-preciosas de encher o olho. Com uma disposição original e muito interessante, os minerais ostentam o seu brilho nos vértices dos seus recortes pontiagudos. Quartz, ametistas, cristais coloridos e reluzentes criam perplexidade pela dimensão e pelo número.
Um comentário ainda para os troncos de madeira petrificada: impressionante. Sim, são troncos reais, feitos pedra!

Nos andares de cima encontramos uma colecção de escultura contemporânea do Zimbabué. As peças retratam cabeças de figuras humanas, de alguns animais.
Despertam-me especial curiosidade as estatuetas de pedra representativas de seres místicos tão bem conhecidos da cultura africana. Gostava de conhecer os seus nomes, características e poderes, imaginar histórias, inventar relações amorosas, entrar no mundo misterioso dos seres que curam e cicatrizam feridas do corpo e da alma e alimentam as mentes ocupadas de quem não tem a civilização a desviar a razão. (Lembro-me das histórias espantosas de Mia Couto…)
O acervo desta colecção provém da comunidade artística Tengenenge e está patente de uma forma que me agradou muito. A decoração do espaço facilita a penetração no ambiente, usaram-se cores fortes e dispuseram-se as esculturas sobre paus verticais, de tonalidades quentes, atingindo alturas facilitadoras da observação e avaliação do visitante. Numa relação simbiótica, simularam-se paisagens naturais de vegetação condizente: oferece-se um lar aos seres estáticos plenos de existência e povoam-se as áreas desertas repletas de vida.



O JARDIM
É todo um espaço cheio de verde que nos guia neste passeio. O verde rasteiro das folhas das azáleas, do buxo é sobreposto pelo verde das cicas, de mais e mais cicas em abertura franca, na sombra de fetos arbóreos vindos do Japão, com as suas hastes em forma de espanador que sussurram na brisa tranquila. Barrando o céu cheio de azul, o verde mais altivo dos ciprestes e das araucárias de origem australiana, convive com o dos loureiros, das acácias, das faias, exemplares da floresta Laurissilva (da Madeira).
Os movimentos da água ecoam suavemente e conduzem-nos aos lagos onde encontramos os peixes Koi. Atropelam-se exemplares rosa, laranja, vermelho, despigmentados, apenas fazendo sugerir a cor numa base clara, branca de pontos escuros.
No Jardim Oriental, as pontes e passagens reportam-nos aos famosos jardins japoneses. É através das suas cores e padrões, dos budas em dispersa arrumação, das estátuas de dragões em pedra anunciando a passagem por portais com telhados tipicamente orientais, de vértices arrebitados, que nos esquecemos do espaço e nos perdemos nos recônditos lugares, por detrás das esconsas quedas de água.
Ainda na área dedicada ao Oriente se descobre um painel com “placas de cerâmica refractária, pintadas com tinta cerâmica de alto fogo com banho de vidro transparente”, sob o título “A aventura dos Portugueses no Japão”. São cenas desde o séc. XV até ao séc. XX, com a queda da bomba atómica na 2ª Guerra Mundial. Uma lição de história de muito bom gosto.







HISTÓRIA DE PORTUGAL
Num total de 40 painéis, perfazendo mais de quatro mil azulejos de 20x20cm, em terracota, Alberto Cedrón (artista argentino) resume os momentos mais significativos dos principais momentos da nossa história. Ao longo de dois corredores podemos refrescar a memória e passar pelo reinado de D. Afonso Henriques até ao fim da Monarquia, prosseguindo pela primeira república, Estado Novo, Revolução dos Cravos e terminando na actualidade. Uma excelente aula de História, colorida e arejada, adequada ao ritmo dos alunos.



A viagem de teleférico pode assustar os menos audazes mas vale a pena subir ao Monte e beneficiar do que a Fundação Berardo reserva aos visitantes.

2 comentários:

Fátima Lucas disse...

Fantástico! Mais uma vez, fantásticos os espaços, e muito mais fantásticas as tuas descrições.
Desculpa a ousadia, mas aproveito o teu blog, para vos dizer que fui com o papá e a mamã à Bendada (a última vez que lá tinha estado... ora.... bem.... ui... há 22 anos). Adorei rever a casa do avô Américo!Foi tão agradável voltar a sentir aquele espaço e todo o ambiente tão aldeão em que eu e os meus irmãos partilhavamos em tempo de férias. E pela Beira Alta andámos 2 dias vendo e recordando aldeias já esquecidas. Não as consigo descrever como tu. Não tenho o dom da palavra escrita (depois conto-vos). Beijo para todos. Já tenho muitas saudades!

Anónimo disse...

Como de previsto só podia ser na minha terra adorada - Madeira.