segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Ribeiro Frio

Deixámos a cidade do Funchal a uma temperatura de verão e subimos a ilha sentindo o ar arrefecer e o céu cada vez mais nublado. Nas estradas estreitas serpenteando encosta acima, desfilavam diante de nós inúmeras espécies da flora da ilha. Pinheiros altivos, cedros bem contornados, enormes carvalhos, loureiros vivem lado a lado com inúmeras flores que emprestam as suas cores neste desfile.
Assistimos à competição entre agapantos brancos e lilases, esguios no caule, geométricos no conjunto de pequenas flores que compõem a sua esfera florida. Margacinhas (minúsculos malmequeres) ajudam a rematar a área florestal, e as espadinhas (tipo gladíolos, muito mais pequenos que nascem espontaneamente) imprimem o apontamento mais garrido, com as suas cores de fogo. Pudemos adivinhar a beleza dos massarocos, já secos por esta altura, mas ainda firmes na sua forma exuberante.
Chegámos ao Ribeiro Frio.
Visitámos os surpreendentes viveiros de trutas. Estes peixes, divididos por tamanhos, nadam em enormes e espaçosos tanques. Toda a zona está bastante cuidada, com espaços de repouso/refeição, decorados com o que chamei de mobiliário gaudiano: bancos e cadeiras e os corrimões das escadas. Amorosos! (Vejam lá as fotos. Não tenho razão?)
Uma seta indicava Levada Velha, 1,5KM. Os miúdos, motivados pelo quadro natural pintado de verde e o som da água a correr, entusiasmaram-se e, cheios de coragem, aceitaram o convite que a placa explicitava.
(Uma levada é o caminho construído para transportar água que servia às culturas e ao uso doméstico.)
Deixámo-nos seguir pela vereda, acompanhados pelo andamento da água transparente e fresca. A toda a volta, ramos cobertos de folhas largas, estreitas e compridas, recortadas, arredondadas, formam um tecto espesso e conferem ao espaço uma média luz agradável ao passeio. Uma folha seca caiu à minha frente, roçando-me o nariz, uma borboleta esvoaçou apressada, procurando o sol. Ao longe galinhas cacarejaram, a seguir uma ovelha tosquiada baliu. Juntos cantámos, corremos, saltámos, espreitámos o que cada um descobriu e ouvimos o que cada um sabe de botânica, das aulas de ciências e da vida. Colhemos e provámos morangos silvestres. Desfrutámos do momento.
O que nos trouxe de volta foi o mesmo caminho de terra húmida, onde raízes teimam furar e acidentar o piso e desmesuradas rochas que rolaram do alto se atravessam na passagem.




1 comentário:

Alexandra disse...

Fico surpreendida com os nomes das flores e plantas que conheces!
Eu já estive na Madeira...
Lembro-me muito bem do mercado. É realmente encantador!