sábado, 27 de setembro de 2008

26 de Setembro - Dia Europeu das Línguas


No outro dia vi o filme Italiano para Principiantes e apeteceu-me aprender uma nova língua.
No filme, um curso de italiano serve de pretexto ao desenrolar da vida de um grupo de dinamarqueses.
Não fazia ideia que era dinamarquês e foi realmente estranho estar a ouvir aquela língua... a verdade é que somos completamente invadidos pelo cinema anglo-saxónico e o nosso ouvido torna-se menos receptivo a outras fonéticas.
Gostei muito, especialmente pela simplicidade onde a história é a essência. Respirei o filme que, desprovido de efeitos especiais ou outras superficialidades, se apresenta sem tóxicos. Um antioxidante saudável e recomendável.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A Motivação é Tudo!

A escola do Francisco está em obras e as aulas acontecem em contentores, num descampado provisoriamente adaptado para receber alunos e professores.
No primeiro dia de aulas o Francisco perguntou-me, se também ia almoçar num caixote e eu achei que acabava de me revelar a sua opinião sobre o novo espaço.
Ontem o Francisco estava muito orgulhoso: veio uma notícia no jornal relacionada com os investimentos que a CMO está a fazer na educação e a ilustrá-la estava uma foto da sua (nova)escola.
Hoje de manhã ao chegarmos de carro à escola , passando bem devagarinho pelas traseiras e pela lateral direita, o Francisco avistou a sua escola de um ângulo generoso, com vista sobre todos os blocos (geminados!) (blá-blá blá-blá – aquilo tem um qualquer outro nome pomposo em vez de contentor) e disse: Ai mamã, adoro a minha escola! Aquilo sim, disse tudo!

domingo, 21 de setembro de 2008

Entardecer (em férias que já lá vão...)

Palmeira, buganvília, hibiscos, cevadilha.
Verde, púrpura, carmim, rosa, azul, azul, azul.
Inclino-me para trás, livro nas mãos e sigo as linhas de dois parágrafos. Olho o mar, um traço certo a separá-lo do céu, longe, longe. A página convida-me. Eu aceito. Três, quatro linhas… e contemplo o azul tranquilo.
Um veleiro balança incansável, balança a cima, a baixo, balança. Deixo-me navegar nos movimentos quase imperceptíveis. Diante de mim, tudo cheio de azul inebriante. Permaneço.
O livro aberto chama-me. Eu não ouço.
Entre um e outro azul, asas estendidas a planar desviam-me o olhar que as acompanha, sem eu dar por isso. Encontro a cadeira altaneira e vigilante do nadador salvador. Está vazia, solitária.
O banheiro alinha as espreguiçadeiras brancas, desocupadas e vira-as para o mar. A Júlia e o André correm atrás dos pombos que debicam migalhas crocantes. Desarrumam o alinhamento de cadeiras, riem cúmplices. Estão felizes.
Sinto a atracção e volto a deter-me no mar. Perduro o meu olhar pelo infinito ali ao meu alcance visual. Fechei o livro, escuto a água. As ondas quebram-se, pintam de branco o contorno da rocha escura, sinto um salpico frio que quase me acorda.
Olhos postos na incessante dança marítima, deparo-me com palavras que se ordenam em orações, se desenham numa caligrafia clara, bem legível e que me ditam o pensamento. Guardo-as, assimilo-as, são uma parte de mim, que partilho ao dar-lhes forma. Carregam emoções que pretendo contagiantes.
Sem relógio no pulso, é a luz baixa, rente à sombra que me lembra de mim.
(Um entardecer tranquilo, inspirador a que ofereço este espaço.)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Sons de Infância



Passou à minha porta, soprando afinadamente para dentro da mão, a segurar um instrumento que transformava o seu sopro em sons que conheço desde pequena; carregava chapéus de chuva, na bagageira da moto, que levava pela outra mão. Desceu a rua e nada... nada não! Recordou-me tempos de longe e... ainda lhe roubei uma foto.(Será ilegal? Não se identifica a personagem...)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Primeiro Dia de Aulas

Recordo os meus primeiros dias de aulas enquanto aluna…
Após três longos meses de férias, chegava Outubro envolto em cinzento molhado a deixar esquecer o calor do verão.
Era um dia ansiado, para o qual gostava de escolher a indumentária que achava adequada: fatiota da cor da moda com acessórios novos a condizer. (Sempre fui vaidosa, sim, sim não é de agora!!!!)
O reencontro com os amigos e professores preenchia-me outra vez e toda a parafernália escolar era preparada com tanto pormenor que cadernos, lápis, canetas, pasta (mais tarde mochila) ganhavam vida.
Lembro-me de esboçar objectivos como castelos no ar (eu sei, que era precoce!!). Este ano tenho que conseguir… Assim fui crescendo, sonhando, realizando sonhos, deixando outros permanecer na sua essência onírica.
Como professora, é com expectativa que entro neste recomeçar. O entusiasmo dos primeiros anos vai afrouxando e a ansiedade já não se sente com tanta força. O coração já acelera pouco quando se enfrenta uma turma pela primeira vez.
Este ano até acompanhei os alunos e nem sequer tenho que gastar tempo para fixar os seus 118 nomes. Hoje sobrou-me disponibilidade para os observar. A todos. Sim à segunda-feira tenho-os a todos!!!! Vi-os contentes por me verem (pelo menos alguns…), por estarem naquele espaço que lhes diz muito. Detectei olhos a pedir atenção, muita atenção. Identifiquei sorrisos de esperança. E eu com tão pouco tempo para eles… há que planificar, definir objectivos, programar actividades, diagnosticar competências ou falta delas, ir a reuniões que prometem mais papelada e absorção do tempo a usar com eles para responder àqueles olhares, àquelas atitudes de quem pede socorro baixinho.

domingo, 14 de setembro de 2008

Symfollies

Não faz parte da minha rotina ver desenhos animados, mas a desconcentração para trabalhar era demais, reflectindo bons tempos de férias, e o Francisco reclamava a minha atenção. Sentei-me ao seu lado e fui seguindo os programas a que ele assistia.
A verdade é que calmamente fui descontraíndo e soube-me muito bem estar ali com ele a saborear tanta harmonia. Primeiro uma quinta com animais queridíssimos, depois instrumentos musicais com cabeça, braços e pernas. Uma delícia. Symfollies. RTP2.
Partindo de óperas conhecidas, sempre com a orquestra a tocar em fundo, contam-se histórias simples. Boa imagem e animação e muito educativo. Além do mais, relaxa! Vejam e mostrem aos miúdos. (Também há um site com jogos e outras coisas.)

domingo, 7 de setembro de 2008

Paralímpicos

Estive a ver a abertura dos Jogos Paralímpicos. Os chineses são incríveis, mas acima de tudo, a entrada dos atletas foi comovente. Arrepiante, mas fantástico!

Já agora, o Francisco, no meio de muitos É pá, memo fixe! pergunta: há cegos a fazer tiro ao alvo? E se houver surdos nas corridas, como é que ouvem o tiro de partida?
Temos tema de conversa para os próximos dias...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Só Isso

Este pedaço de texto, podia ter sido meu. Reflecte exactamente o que senti ao dar sinais de mim, por onde passei nestas férias de verão.

While the astronauts, heroes forever, spent mere hours on the moon, I have remained in this world for nearly thirty years. I know that my achievement is quite ordinary. I am not the only man to seek his fortune far from home, and certainly I am not the first. Still, there are times I am bewildered by each mile I have travelled, each meal I have eaten, each person I have known, each room in which I have slept. As ordinary as it all appears, there are times when it is beyond my imagination.

In Interpreter of Maladies, "The Third and Final Continent", Jhumpa Lahiri.

(Gosto de histórias onde as personagens, ricas na sua simplicidade, me ensinam e me fazem pensar.)Só isso.

Acabo as férias com Portugal no Coração

Há dias (poucos) em que me perco na net. Em noite, sem melhor programa, naveguei por lá, visitei os blogs do costume e acabei por ficar a ver (na net) uma gravação de um programa na RTP, apresentado no blog do Pedro Ribeiro.
Não é frequente ouvirmos intelectuais, pessoas públicas (a não ser membros do governo) a dizer bem de Portugal. Sabe bem escutar quem vai contra a corrente e até nos lembra que efectivamente nós temos um país fantástico. Bora valorizar o que é bom e olhar para o que está mal de forma construtiva.
O Miguel Esteves Cardoso (é polémico, eu sei!) reflecte ainda sobre outros temas. Retive:
A importância de incutir nas pessoas a ideia de quem me dera ter três horas para ler e não me chateiem. Isso é o paraíso. Quando há livros não há solidão e assim aprende-se a estar sozinho.
Quem estiver interessado pode ver e ouvir aqui. Ao todo, uma hora de conversa, mas há sempre a hipótese de saltar e ouvir ao bocadinhos.