terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Faz Hoje...

14 anos.
Era sexta-feira e eu não tinha aulas nesse dia (em Mafra, Ufa!...)
Era, portanto dia de limpeza.
Com o meu objectivo em mente (limpar e arrumar tudinho para poder desfrutar do fim-de-semana calmamente), levanto-me e penso que as fatias douradas quentinhas que tinha comido no dia anterior (dia de Nossa Senhora das Candeias) me tinham feito mal. Sim, dia 2 de Fevereiro é dia de fritos… a minha mãe sempre disse que se deve fritar nem que seja um ovo, para que não falte o azeite o ano todo… como boa dona de casa, cumpri!
Eram 9 horas da manhã quando começo a achar que aquela dorzita de barriga, se calhar… não era … bom, continuei a varrer, aspirar, limpar chão e pó. Aproveitei para arrumar o quarto que esperava nova decoração: desviei móveis, arrumei gavetas… Não, não tive tempo para tudo… as dores aumentavam e eu tinha que descansar. Lembro-me que coloquei um banco no hall (centro da casa) e por entre uma varridela e outra sentava-me, porque a dor acalmava.
Começo a ter certeza de que a dita dor era bem mais do que a minha suspeita. A minha filha decidira conhecer o mundo nesse dia.
E uma Nova Era se aproximava.
Eu estava prestes a tornar-me mãe, depois de um estágio de 38 semanas.
Ainda é com um nó na garganta e um olhar brilhante de comoção que recordo a imensa, indescritível felicidade que senti nessa transformação que vivi.
É uma turbulência de emoções, uma infinidade de sonhos, projectos e expectativas medos ao longe, a plenitude de se ser, de estar, de amar e ser amada, de se sentir insubstituível, o isolamento de um mundo tão longe daquele que é nosso, na nossa casa a três.
E sabia tão bem olhar para a Inês calma, muito serena, para quem tudo parecia estar bem. Um encanto, uma paz, uma inatingível felicidade.

(Eu, que comecei a escrever por piada, agora não consigo conter a emoção ao recordar o momento mais extraordinário da minha vida.
De repente vejo um filme passar e lembro a inaugural gargalhada desconcertante, os primeiros passos, a facilidade com que aprendia tudo, a simpatia, a compreensão do que lhe era explicado, a lucidez com que foi crescendo, a loucura que eram os seus caracóis loiros, a responsabilidade que foi ganhando, os erros que foi cometendo para aprender mais.
Não posso deixar de pensar de como aspectos da sua personalidade tão cedo se revelaram: autónoma, com gostos e estilo próprios, sem fazer questão de agradar a ninguém, só porque sim. O gosto por actividades físicas mais ou menos radicais, porque destemida, o desporto, a música (tocar, ouvir, cantar).
É um filme com muitos momentos felizes e divertidos, faz chorar, mas não é de tristeza…
Tenho uma filha adolescente com uma vida, gostos e hábitos saudáveis em crescimento físico, psíquico, emocional acelerado e peço a Deus que a proteja. Quero confiar no futuro do mundo onde ela ainda vai crescer muito mais… nela vou confiando todos os dias (raios começo a ver tudo embaciado, porque será?...)

A minha filha querida faz hoje 14 anos! E afinal nunca mais cheguei a gozar o fim-de-semana, calmamente como dantes.
Parabéns Inês! Adoro-te!

7 comentários:

Paulo disse...

Adorei...
Obrigado por tudo.

Beijos

João Galvão disse...

...Não sei se posso, posso?
Cá vai. Parabéns à Inês!
Parabéns aos pais!
Parabéns pelo que escreves e como escreves.

Rita disse...

Parabéns a toda a família!! Jinhos muito grandes

Anónimo disse...

u.u
sou eu!!!!

Joninhas disse...

Finalmente os miúdos adormeceram e aproveitei para espreitar o teu cantinho. Parabéns! Tens uma família linda!!!

Mª João

Fátima Lucas disse...

A minha querida sobrinha...
A minha primeira sobrinha...
Não tenho o dom da escrita, como tu, para descrever o que senti há 14 anos: uma enorme ansiedade, uma estranha felicidade, um sentimento novo que ali se iniciou, o ser tia! Que bom! E mais... Madrinha. Que grande responsabilidade. Sei que a reconheci como um bocadinho de mim (da minha família), e tão linda que era (e é!). Sei que a amo, como se fosse parte de mim e que apesar da distância pode sempre contar comigo e sentir-me ao seu lado! Beijo grande querida Inês. Beijo grande Paulo e Marlene, e obrigada!

Unknown disse...

O primeiro bebé de uma amiga minha. De uma grande amiga minha. Foi lindo o dia que ela nasceu. Lembro-me bem. Estava em casa do Ricardo (há tanto tempo) quando a minha mãe me disse e eu liguei logo ao Paulo. Já cá estava a Inês. A primeira a sofrer as cócegas e brincadeiras parvas de 3 miudas muito contentes com este novo bebé. E lindo foi também o dia em que saiste do hospital. Gostaste???? Deves ter adorado.
Muitos parabéns Inês.
Yola