quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Auf der anderen Seite

Auf der anderen Seite (Do Outro Lado)
Motivou-me o facto de ser em alemão e de se passar na Alemanha (pelo menos em parte) e também o nome do realizador (Fatih Akin), cujo filme Gegen die Wand (Urso de ouro) eu vi quando estive em Munique em 2004. Dois argumentos de peso que me obrigaram a ir ao cinema.
Muito bom! Seis personagens que vivem o entrecruzar-se dos fios das suas vidas num tecido, em que o lugar deixado por um é ocupado por outro.
O filme é de uma riqueza incrível ao abordar variadíssimos temas. Uns mais óbvios que outros, todos me deixaram a pensar, a pensar… a ligar o título ao enredo, e não só ao espaço como era facilmente adivinhável; a perceber algumas escolhas de cenários e pormenores; os acontecimentos; os diálogos… enfim, um emaranhado premeditado e bem conseguido, sem se deixar ir pela previsibilidade.
Tudo revela o sentido que lhe é inerente e assume significado na relação com o restante. É permanente a ideia de entrelaçar os vários fios desta teia de sentido, um verdadeiro enredo.
Morte; vida; família; pais/filhos; identidade; Turquia/Alemanha/EU… Destaco um: a coragem de mudarmos. Mudarmo-nos. Mudarmos o rumo das nossas decisões e ficar do outro lado (também pegando no título…). (Exercício interessante e enriquecedor este de justificar o título. Estava aqui até amanhã, encontro relação com tudo…)
Um excelente filme para apreciar e reflectir.
(Contem-me o que acharam se forem ver.)

3 comentários:

Anónimo disse...

Com o atractivo de ser um filme alemão, lá fui eu arrastado para «o outro lado»...
Gostei! Soube-me muito bem ver um filme assim... diferente... intenso...melódico, embora com pouca música.
Raras vezes a «melodia» se transforma em harmonia, mas a melodia afirma-se, neste filme, pela interpelação. Este filme pergunta, tem personalidade e dirige-se a pessoas, nos mais variados palcos da vida de cada um.
Não trouxe respostas. Também não as procurava. Fiquei, isso sim, muito agradado pela serenidade de um final «imperfeito»... deliciosamente imperfeito.
Momento mais harmónico para mim: o encontro com o alemão que vendia livros em Istambul, ao som de J.S.Bach.
Momento mais repugnante: toda a fase inicial.
Maior contraste: vulgaridade e imundície do pai, e esmerada educação do filho.
Aspecto mais intenso: relação da turca com a alemã.
Momento mais dramático: mãe no quarto com os pertences da filha.
Nota final: a música do fim não está à altura e o filme não é forte na banda sonora (tirando o breve momento de J.S.Bach, só há mais um tema turco interessante).

Pe. Rui

mlucas disse...

Também me sabe bem ouvir outros ecos. Cada um vê, lê, ouve, sente à sua maneira e gosto especialmente desta partilha. Ainda bem que aceitou a minha sugestão, que foi ver e que gostou!

mlucas disse...

Quanto à música acho que deve fazer parte das opções do realizador. Já no outro filme que vi as sonoridades turcas estav muito presentes. O filme começava e/ou (não me lembro bem) com um grupo de músicos turcos a tocar à beira rio com a cidade de Istambul em pano de fundo.