quinta-feira, 24 de julho de 2008

Cobh

Cobh é uma pequena vila emblemática, cheia de memórias históricas, que a sua localização proporcionou.
Em 1849, as autoridades locais decidiram apelidá-la de Queenstown, assinalando a visita da Rainha Victoria. Claro que depois de 1920 e passada a guerra da independência, esta vila volta a ser chamada Cove, na forma original Cobh.
Conhecida e apreciada pelo entretenimento que proporcionava aos visitantes na época vitoriana, esta era paragem para muitos que se deleitavam com o porto, as regatas, os banhos de mar. Estas actividades acabaram por propiciar eventos culturais: dança, ópera, teatro, atraindo turistas endinheirados.
Pude confirmar a excepção na riqueza dos edifícios que, comparando com outras cidades de arquitectura pobre, estão bastante cuidados, têm detalhes decorativos e brio nos acabamentos. Fez-me lembrar pequenas cidades turísticas francesas. Mais uma vez encontro a cor como elemento principal e decisivo na imagem da vila.





Mas a história de Cobh conta muito mais:
- daqui partiram 2,5 milhões dos 6 milhões de irlandeses que emigraram para o continente americano (Canadá e EUA). É impressionante! Foi a fome (Great Famine) e a miséria que empurraram desde 1820 cerca de metade da população da Irlanda para o outro lado do Atlântico;
- foi aqui que o navio mais famoso do mundo fez a sua derradeira paragem. O Titanic vinha de Liverpool e atracou neste porto, onde embarcaram muitos passageiros.
Visitei uma exposição incrível com imensas fotografias da ocasião, o menu para a 1ª classe e um depoimento comovente da sobrevivente mais nova. (tinha 9 meses)
Deixo aqui o cartaz que publicitava a viagem (interessante, não é?)



- o Lusitânia (outro navio a vapor) afundou-se ao largo desta costa, quando na 1ª Guerra Mundial, os alemães o bombardearam, matando quase 1200 pessoas. (A exposição é muito pouco simpática para os alemães. Tem inúmeras frases acusatórias do tipo: só os alemães podem matar crianças assim! Que bom que é ser portuguesa!)

Neste museu há registos dos nomes de todos os emigrantes que oficialmente partiram deste porto. Quem tiver por aqui ascendência...

1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho aprendido muito com esta tua disponibilidade em escreveres o que vais experimentando. Estás completamente de parabéns. A interactividade dos blogs é muito gira, não achas? Escrevermos o que nos vai na alma e haver algures alguém que nos lê, é gratificante. Acho (achamos) que deverias pensar em escrever com mais assiduidade quando voltares. Os filhotes estão a ficar grandes e quem sabe, se a folga aumentar, nem que seja uns minutos, não iremos todos, um dia, a correr à Bertrand escolher um livro teu. Eu disponibilizo-me para fazer o website da futura best-seller, de borla. De borla talvez não. Em troca de um ou outro exemplar. Combinados?

Se as nossas famílias se encontrarem numa dessas próximas passagens de ano, sugiro que esqueçamos o teatrinho dos teus rebentos e que sejas tu a relatar uma aventura de cidade. Podemos sempre fazer um cenário de acordo e disponibilizar-te half a pint.

Beijos e bom regresso.