terça-feira, 22 de julho de 2008

Portas

Assumo que, ao vaguear pelas ruas de uma nova cidade, tenho tendência para olhar para cima e apreciar a arquitectura dos edifícios. Gosto de espreitar pelas janelas, mesmo que seja para ver as cortinas, mas prefiro vidros transparentes sem barreiras e deixar os meus olhos trespassá-los.
Numa outra mensagem aqui deixada, registei a constatação de que, por aqui, as casas não mostram particular cuidado arquitectónico. O uso da cor parece ser a estratégia para impedir que o cinzento predomine.
Hoje, no meu caminho para casa, sozinha (como melhor convém à descoberta) deixei-me perder pelas ruas, ziguezagueando o alcatrão para me encontrar defronte da entrada dos edifícios. Uma porta verde. Outra azul. Ali uma vermelha. Acolá outra em madeira natural. Mais uma pessoa que pára para não estragar, um carro que afrouxa para eu passar... Clic. Clic. Clic. Quinze vezes.
Portas berrantes, portas escuras, sacadas esculpidas, sacadas lisas, vitrais, colunas dóricas, colunas jónicas, arcos em ogiva, arcos de volta perfeita, puxadores dourados, puxadores prateados. Todas elas peculiares. Cada uma é única. Todas dão as boas-vindas aos visitantes, todas acolhem com personalidade. Confirmam o que tenho experimentado: o carácter hospitaleiro do povo irlandês.



5 comentários:

Anónimo disse...

Portas... Nunca tinha reparado nesse pormenor das portas, mas de facto as portas caracterizam um povo. Eu sou do sul onde as portas são sempre duplas (duas portas que fecham a meio, porque devem ser abertas de par em par durante o Verão e meio abertas de Inverno) e, quando li este apontamento descritivo, fiquei a pensar por que razão nunca reparei nas portas de uma cidade... Talvez seja pouco sensível ao espaço de trânsito. Os seus sinais não só nos dão conta dos lugares e dos objectos, como também nos levam a indagar as nossas razões. Hoje posso dizer que os seus sinais são filosóficos por excelência. Uma coisa é certa estes sinais são uma porta mágica que nunca sabemos o que vamos encontrar, mas sabemos que nos vai surpreender de alguma maneira.

Anónimo disse...

Uma curiosidade... A Marlene nem sabe o que este "e-book" tem feito entre nós que a conhecemos na ESLFB... Descobri que a Zita também leu e comentou. Depois falámos da magia disto tudo. Sobretudo, para quem ainda está a trabalhar, sabe bem ler uma impressão bem redigida. Acho que todos os que lêem este "blog" sentem isto.

Anónimo disse...

Ainda anteontem passei numa lojinha, aqui em Tavira, que se chamava "A Casa das Portas". Entrei porque era uma espécie de galeria/loja de arte e então percebi a razão do nome da loja. Basicamente só se vendiam quadros com fotografias de portas e janelas de Tavira. Um efeito muito engraçado :)
beijinhos

Anónimo disse...

A atração das portas e das suas cores fortes com batentes brilhantes e fortes é um denominador comum com Malta...destino do próximo curso ou de pojecto Comenius...

Anónimo disse...

Minha querida amiga! O gozo que me dá ler os teus sinais. Nem sei expressar como me sinto, mas por vezes "tenho uma lágrima ao canto do olho".És tu mesmo a Marlene que conheço, pois só essa tua sensibilidade te levaria a constactar este pormenor tão fascinante. Portas... Efectivamente são elas que nos recebem e acolhem e o seu aspecto, inevitavelmente, quer dizer alguma coisa. Acreditas que foi olhar com olhos de ver a minha própria porta, para perceber se é boa anfitriã?
Adoro os teus sinais.