quarta-feira, 16 de julho de 2008

Em Passeio

Em dia de tarde livre há que aproveitar para explorar o que é menos imediato. Saí do centro fui encontrar-me com caminhos mais arborizados e arejados, casinhas com pequenos pátios, enfeitados com vasos bem compostos, cheios de florinhas coloridas. Ruinhas íngremes e apertadas, passeios estreitinhos levaram-me a Cork City Gaol, sede da antiga prisão (Gaol-Jail) da cidade que funcionou entre 1824 e 1923. Tempos difíceis para a Irlanda, em que, para a própria sobrevivência, muitos tinham de roubar. Foi neste edifício que se torturaram muitos criminosos, incluindo crianças que fugiam da escola...
Desci a colina, com a intenção de visitar uma catedral. Atravessei o rio, mas, como a minha orientação e relação com mapas deixa muito a desejar, pedi ajuda. Com roupa de trabalho, cabelo desarrumado e num sotaque cerrado o irlandês deu o seu melhor. Eu é que não passei do primeiro cruzamento.
Mais à frente, uma senhora bem composta pareceu-me a pessoa indicada para me dar instruções de como chegar a uma catedral. Nem mais!
Mesmo em frente, um edifício de proporções pouco habituais denunciava um templo. A lady sugeriu uma visita à Saint Francis Church. Boa! Perguntei, se era uma igreja católica, ao que me respondeu entusiasticamente que sim. Entrei. Fa-bu-lo-sa! No meio de uma cidade tão escura, encontro, a condizer, esta igreja castanha (o castanho condiz com o cinzento, by the way?). Porém, no seu interior tem uma luminosidade encantadora: ao fundo um painel enorme de base dourada, com imagens brilhantes de Jesus Cristo e alguns santos, iluminado pela luz natural, que vidros amarelos filtram e conferem aquela mágica claridade. É como se os raios do sol de repente perfurassem as nuvens espessas e o próprio edifício. Rezei um pouco (muito pouco!) e saí. Tinha a nice lady à porta: “You just can’t miss St Peter and Paul’s!”
Lá fui e até lhe disse que era de Fátima. Ela adorou saber! Contou-me pormenores das igrejas, de uma peregrinação a Lourdes e foi sublinhando a beleza destas duas igrejas.
Também entrei, não me surpreendeu tanto como a outra, mas estive ali um bocadinho no silêncio enriquecedor comum a estes lugares. Quando saí, ainda a senhora rezava de joelhos nas filas de trás. Será que ela tinha intenção de ir à igreja, quando a interpelei?...
E a catedral onde eu queria ir? Esqueci-me dizer, St Finnsbarr Cathedral é protestante. Um pormenor...
Desconfio que não foi por acaso que the old nice lady me conduziu noutra direcção.

5 comentários:

Paulo disse...

Foi seguramente um bom passeio e fiquei com um bocadinho de inveja. Afinal a tua descrição das pessoas e dá igreja foi muito cativante e fiquei feliz por saber que estás a adaptar-te bens aos cenouras e aos verdes...
junta mais fotos que os teus textos, além da informação geral sobre Cork e a Irlanda, deixam-me cada vez mais curioso e interessado em saber mais...
manda mais sinais.

Rosa Peres disse...

As tuas palavras conduziram-me pelas ruinhas íngremes por onde andaste. Sem pensar dei comigo nas mesmas igrejas , nas mesmas ruas e envolvida no mesmo silêncio. Senti a frescura do verde e a cor das florinhas... obrigada pela partilha.
Um beijão
Rosa

Rosa Peres disse...

Olá irlandesa!!!!

Tenho seguido com interesse as tuas crónicas e é inevitável comparar a tua experiência com a minha há 7 anos atrás em Dublin.
Já agora não deixes de ir a Dublin, é mesmo um must, até para poderes comparar.....com Cork. Parece que não, mas as realidades mudam dentro do mesmo país.
Bom trabalho e disfruta ao máximo.
Beijo
Isabel

Anónimo disse...

Estas suas descrições fazem-me lembrar imenso a minha viagem pela irlanda. Foi ao mesmo tempo fabulosa e amargurada mas relembrarei sempre com grande entusiasmo essa grande viagem xD
tenho cá vindo sempre que posso, adoro este blog xD
um grande beijo e fico à espera de mais sinais

Anónimo disse...

É impossível andares só nessas ruas. A forma como nos relatas os teus passeios, arrasta-nos permanentemente contigo. Viagem à borla! Estou a adorar os teus sinais, especialmente por me transmitirem que estás a aproveitar bem esta experiência.
Prepara-te! A malta vai querer sinais da Madeira.